Projeção de orçamento pode ajudar a reduzir endividamento das famílias, confira!
O endividamento das famílias brasileiras está crescendo, assim como a inadimplência. Em agosto de 2022, segundo dados da Pesquisa Nacional de endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), 79% das famílias estavam endividadas. Há um ano, em 2021, esse percentual era de 72%.
O crescente acúmulo de dívidas e atraso nos pagamentos é um fator preocupante, mas algumas atitudes simples podem ajudar a conter a crise e começar a reestruturar as finanças da família. Projeção orçamentária e planejamento estão entre as primeiras ações necessárias, explica Iris Sousa, do TC, plataforma que conecta a comunidade brasileira de investidores.
A projeção do orçamento familiar deve seguir duas etapas: estimativa de receitas e, depois, de despesas. “Estimar as receitas é o primeiro passo para poder criar uma estratégia de projeção completa do orçamento. Anotar tudo que a pessoa receberá nos próximos seis meses mostra a capacidade de pagamento e dá amplitude para o cenário”, aponta Iris.
Logo depois, é hora de identificar as despesas, já apontando o que é possível reduzir ou eliminar, com foco em abater a dívida existente. Será que é possível trocar o plano de celular por um mais em conta ou trocar os itens da feira? O que é realmente essencial e o que pode ficar para daqui uns meses?
A projeção do orçamento permitirá entender se o que recebe é suficiente para cobrir os gastos ou não. “Se a resposta é negativa, é hora de reduzir os custos com rigidez ou aumentar as receitas. Empreender como freelancer pode ser uma oportunidade de aumentar as receitas temporariamente, por exemplo”, completa.
Endividamento das famílias
Os dados da Peic mostram que o crescimento do endividamento das famílias é maior entre mulheres – 81,9% delas estavam endividadas em agosto deste ano, enquanto 78,3% dos homens tinham recursos comprometidos com dívidas.
O endividamento, por si só, não é um cenário necessariamente ruim. O maior problema é quando não se tem recursos suficientes para pagar as dívidas e a inadimplência passa a fazer parte do dia a dia da família.
“A inadimplência é um risco para a saúde financeira das pessoas, pois o atraso no pagamento das dívidas gera problemas no agora e no futuro devido à bola de neve dos juros compostos”, detalha Íris.
A pandemia da Covid-19 aumentou as dívidas em atraso dos brasileiros, assim como a expectativa de não pagamento dos atrasados. Em agosto de 2021, 25,6% das famílias tinham contas em atraso. Um ano depois, esse número saltou para 29,6%.
Principais dívidas
O cartão de crédito é o principal motivo de endividamento das famílias brasileiras (85,25%), seguido de carnês (19,37%), financiamento de carro (10,23%), crédito pessoal (9,49%) e financiamento de casa (7,50%).
Apesar de ser visto como vilão por muita gente, os cartões de crédito, se bem utilizados, podem ser aliados das compras, de acordo com a especialista do TC.
“Os cartões podem ser usados como ferramenta para otimizar o uso do dinheiro. Conheço algumas pessoas que concentram objetivos de gastos em diferentes cartões, com afinco de organizar seu orçamento e ter maior facilidade de controle. Essa técnica, quando bem utilizada e observada a capacidade de pagamento, pode ser uma ótima opção”, aponta.
A especialista chama a atenção de que nunca se deve deixar de pagar os cartões de crédito ou tentar usá-los de forma desenfreada. Certamente, isso poderá comprometer a capacidade de pagamento.
O TC é uma das plataformas mais inovadoras e tecnológicas de educação financeira, análise de dados e inteligência de mercado do Brasil.
Fonte: Jornal Contábil .
READ MOREEndividamento e inadimplência aumentam em agosto, diz CNC
O endividamento das famílias com carnês e cartões de lojas de varejo e a inadimplência das famílias avançaram em agosto. O endividamento alcançou 19,4%, percentual que representa alta de 0,5 ponto percentual (p.p) se comparado ao mês anterior e de 1,2 p.p. em relação com agosto do ano passado. Já a inadimplência alcançou 29,6% do total de famílias no país, sendo o maior patamar desde o começo da série histórica em 2010.
Os resultados foram divulgados hoje (5) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela entidade, o volume de endividados com estes meios de compras vem crescendo desde maio deste ano.
O levantamento mostrou ainda que o aumento do indicador pode ser explicado pela procura por crédito direto no varejo das famílias de menor renda. Nos últimos quatro meses, o endividamento nos carnês para esta parcela da população cresceu 1,8 p.p. e chegou a 19,8%.
Conforme a CNC, a alta da contratação de dívidas foi mais expressiva para as famílias com rendimentos até 10 salários-mínimos (1,1 p.p), do que entre as famílias de maior renda (0,9 p.p.).
A economista da CNC responsável pela Peic, Izis Ferreira, afirmou que a melhora no mercado de trabalho e as políticas de transferência de renda mais robustas têm favorecido os rendimentos das famílias nas faixas mais baixas, mas elas enfrentam dificuldades. “A inflação em nível ainda elevado desafia o poder de compra desses consumidores. O crédito tem sido uma forma importante para eles sustentarem o consumo”, disse.
Anual
No ano, a alta no endividamento direto em lojas do varejo é de 0,7 p.p. entre as famílias com até 10 salários de rendimento mensal. Já nas famílias consideradas mais ricas, cresceu 3 p.p.. A Peic também apontou, que no mesmo período, o público masculino está mais endividado nos carnês (19,5%) do que o feminino (18,8%). “A proporção de homens que contrataram crédito direto operado pelo varejo cresceu 2,3 p.p. em um ano; esse número caiu 1,1 p.p. entre as mulheres”, acrescentou a CNC.
No último quadrimestre, a maior proporção do endividamento em carnês do varejo ocorreu junto com a redução de endividados no cartão de crédito (de 3,2% p.p.). As duas modalidades têm forte associação ao consumo no comércio varejista.
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, o movimento é provocado pela busca de compras com crédito mais barato “As famílias estão buscando alternativas de crédito mais baratas por conta da elevação dos juros, e o cartão de crédito foi o tipo de dívida com a segunda maior alta dos juros médios em um ano até junho, 17 pontos percentuais, segundo dados do Banco Central”, observou.
Endividamento dos lares
Ainda em agosto, o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer no cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa chegou a 79% do total dos lares no Brasil. “O crescimento da proporção de endividados acelerou na passagem mensal, com aumento de 1 ponto percentual. Em relação a agosto do ano passado, a proporção de endividados apontou alta de 6,1 p.p.”, informou a entidade.
A proporção de mulheres e homens endividados é maior em agosto, com avanço mensal mais expressivo para os homens (1 p.p.). No entanto, segundo a economista da CNC responsável pela Peic, no período de julho a agosto houve elevação no endividamento das mulheres. “Entre o público feminino, o volume de mulheres endividadas aumentou 0,5 p.p. entre julho e agosto; no intervalo de um ano, no entanto, as mulheres contrataram mais dívidas do que os homens, uma vez que a alta do endividamento foi maior para elas”, apontou.
Inadimplência
Pelo segundo mês consecutivo, subiu o volume de consumidores que atrasaram o pagamento de contas de consumo ou de dívidas. A segunda alta seguida, que em agosto atingiu 29,6% do total de famílias no país, ocorreu depois da inadimplência se manter moderada entre abril e junho, com o reflexo das medidas de injeção de renda extra, como os saques do FGTS e a antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS.
No mês, a proporção de famílias com atraso em contas ou dívidas cresceu 0,6 p.p., enquanto em um ano subiu 4 pontos percentuais. Entre os inadimplentes, 10,8% relataram não ter condições de pagar contas já atrasadas, e, por isso, vão continuar na inadimplência.
“A alta do volume de famílias com contas atrasadas deu-se nas duas faixas de renda pesquisadas, mas foi maior entre as famílias de menor renda. Isso mostra os desafios que esses consumidores seguem enfrentando na gestão mensal de seus orçamentos”, disse a economista.
Original de Agência Brasil
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