Consequência da reforma do Imposto de Renda na inovação no Brasil

A inovação tem papel fundamental no desenvolvimento econômico de qualquer país e vem se mostrando um importante indutor para a recuperação da atividade produtiva mundial neste momento de pandemia. Nesse contexto, a necessidade de inovar em novos produtos, serviços e meios de conexão com o público, tem se tornado fundamental para a sobrevivência da atividade econômica ao redor no mundo.

Diversos países da União Europeia, bem como Reino Unido, Estados Unidos e Canadá, apostaram no fortalecimento dos instrumentos de fomento à inovação como alternativa para recuperação pós-pandemia. Mas, e o Brasil? O que o país está fazendo para a manutenção e o aprimoramento de suas atividades inovativas?

Infelizmente, o país anda em direção contrária à tendência mundial. Não é de hoje, vale lembrar, que o principal fomento à pesquisa e inovação do Brasil, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT, tem sido contingenciado, deixando de irrigar mais de R$ 25 bilhões de reais em projetos de PD&I nacionais, nos últimos 15 anos. Essa situação perdurou até 2021, com a publicação da Lei Complementar nº 177/21, que vetou a possibilidade de contingenciamento do FNDCT pelo governo federal.

Diante deste mesmo cenário, a Lei do Bem, outro importante instrumento de incentivo à atividade inovativa no Brasil, passa por período de incertezas legislativas. Primeiramente, por conta da promulgação da Emenda Constitucional 109/2021, em março, pelo Congresso Nacional, que previa o corte mínimo de 10% dos incentivos fiscais brasileiros, pelos próximos 8 anos.

Embora o Projeto de Lei 3203/21, de autoria do Poder Executivo, não tenha elencado a Lei do Bem como um incentivo candidato à redução proposta pela EC109/21, apenas o risco de redução foi o suficiente para prejudicar o planejamento das empresas e diminuir a segurança jurídica sobre o usufruto deste incentivo.

A inovação tecnológica e o fomento a esse tipo de atividade devem fazer parte do planejamento central de desenvolvimento do país. E, por conta disso, precisam ser levados em consideração no estabelecimento de qualquer reforma estruturante, com potencial impacto no ambiente inovativo brasileiro. A ausência desse cuidado reflete no esvaziamento das atividades de PD&I no país, perda de competitividade e de mão-de-obra qualificada, além de interferir diretamente na estratégia e planejamento das empresas nacionais.

Por estar diretamente atrelada ao imposto, qualquer mudança nesta engrenagem tem impacto negativo para a eficiência da Lei do Bem como instrumento de fomento à atividade inovativa. Esse impacto, por exemplo, não é previsto pelo PL 2337/21, que pretende reformar o Imposto de Renda (IR), e tem potencial para reduzir em mais de 30% a eficiência deste incentivo.

Esta perda está diretamente vinculada à redução proposta das alíquotas do IR e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). Obviamente, a redução de alíquotas é benéfica às empresas nacionais. No entanto, não existe qualquer planejamento ou previsão legal para manter os patamares atuais dos benefícios fiscais contidos na Lei do Bem, caso haja a aprovação do atual texto em análise pelo Senado Federal.

Neste sentido, é importante ressaltar que essa ausência de planejamento vai na contramão das conclusões elencadas no “Boletim Sobre os Subsídios da União – edição de março de 2021”, elaborado pelo próprio Ministério da Economia e que trata exclusivamente da Lei do Bem, nesta edição, que não só reconhece os objetivos alcançados, como recomenda o aprimoramento dos incentivos fiscais contidos nela.

Além disso, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, vem, criando, nos últimos anos, Grupos de Trabalho internos com o objetivo principal de propor melhorias nos incentivos fiscais contidos na Lei 11.196/2005, tendo o último sido criado no mês de abril de 2021, por meio da Portaria GM nº 4693/2021.

Os projetos e investimentos em PD&I são planejados com antecedência pelas empresas, em estratégias de longo prazo e que levam em consideração os incentivos fiscais oferecidos no país para sua efetivação.

Por Raphael Telles é Diretor de Relações Institucionais do FI Group, consultoria especializada na gestão de incentivos fiscais e financiamento à Pesquisa & Desenvolvimento (P&D).

Fonte: Rede Jornal Contábil .

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Inovação modifica rotina do Fisco e de Contadores

Tecnologia automatiza processos repetitivos e transforma o profissional da contabilidade em consultor estratégico no aperfeiçoamento da gestão

A inteligência artificial, que até pouco tempo atrás parecia possível apenas nas telas de cinema ou para departamentos mega sigilosos nas empresas, está cada vez mais presente na vida das pessoas: de smartphones a astutos eletrodomésticos, qualquer pessoa já sabe hoje o que é estar na mira do Big Brother.

Na prática, isto significa ter suas movimentações (sejam estas físicas, financeiras ou tributárias, entre outras) sendo acompanhadas praticamente em tempo real , acrescidas de cruzamentos de informações pessoais ou corporativas, que muitas vezes revelam mais do que se gostaria.

No mundo empresarial não é diferente: a tecnologia vem avançando para dentro dos escritórios, empresas e indústrias. Essa transformação está modificando o modo como as profissões desempenham o seu papel. E o contador não foge à regra. É fácil entender este cenário e como ele funciona. A instituição do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), em 2007, já adiantava o poder que aufere um instrumento que unifica as atividades de recepção, validação, armazenamento e autenticação de livros e documentos que integram a escrituração contábil e fiscal dos empresários e também das pessoas jurídicas.

De lá para cá, as novidades não param de surgir. Uma das mais recentes tem a Receita Federal por trás: a autarquia acaba de anunciar que começou a usar inteligência artificial para acelerar o andamento de milhares de processos tributários à espera de julgamento na primeira instância administrativa. Esse é o primeiro passo para que os computadores possam ler autos, alegações da defesa e, até mesmo, elaborar propostas de decisão. O objetivo com medida adotada é reduzir o estoque de processos, que fechou 2017 em 249 mil, com valor total de R$ 118 bilhões.

“O funcionamento e a junção de todos os projetos SPED em âmbito federal, estadual e municipal (funcionamento nacional) criou uma base de dados sem precedentes que permite a análise e o cruzamento das informações contábeis e fiscais em tempo real. Frente à tamanha exposição perante o fisco, qualquer erro cometido por uma empresa, seja intencional ou não, oferece o risco de autuações por parte das autoridades fiscais. Para se adequar a esta demanda, contadores e contabilistas tiveram que aprender a transformar relatórios que demoravam dias para ser feitos manualmente, em um trabalho de minutos com o uso de um software de gestão”, pontua Tânia Gurgel, sócia da TAF Consultoria Empresarial e especialista em SPED. “O aprimoramento disto, resultou, até o momento, no fato de que os arquivos das notas fiscais agora cabem em qualquer computador com acesso a internet”, diz. “Nesta mesma linha, receber os comprovantes dos clientes no final do mês é coisa do passado, a tecnologia envia em tempo real”, comenta.

As novas tecnologias, contudo, não visam substituir o trabalho do auditor fiscal ou do contador. “O contador não precisa ter receio de ser substituído por um software de gestão. Entretanto, se o profissional quiser atender as mudanças pelas quais a profissão passa, é preciso estar em constante atualização. Afinal, nesta transição de papéis, sai de cena o contador estritamente focado em gerar relatórios, digitar documentos, fazer fechamento e entra em cena um novo profissional, que é uma nova versão do contador, totalmente readaptado para sobreviver ao mundo tecnológico”, orienta Tânia.

Essas mudanças tendem a favorecer a nova geração que está entrando ou já iniciou no mercado e nasceu em meio à tecnologia. “Colocar essa geração em serviços operacionais, repetitivos, que podem ser facilmente substituídos por um software de gestão é matar a motivação desta equipe. Sem estímulos para desenvolver um trabalho eficiente, esses jovens partem em busca de novos desafios. Nesta linha, a inteligência artificial na contabilidade propicia o automatização de processos rotineiros e abre espaço para um trabalho mais estratégico”, indica a especialista.

A celeridade e a interconexão que as tecnologias trazem para o profissional do setor também é destacada por Francisco Sant’Anna, presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon). “O mais relevante é a automatização de processos repetitivos e a execução de tarefas que requerem um certo nível de julgamento. É o caso, por exemplo, da execução de conciliações e lançamentos cujas partidas exijam análise prévia do cenário ao qual essa contabilização faz parte.

Um relatório que necessitava dias e diversas pessoas para ser gerado poderá ser feito em minutos. Esse novo processo valorizará ainda mais a missão do profissional da contabilidade, que, além, do já importante papel como executor de operações e balanços contábeis, agregará um perfil mais próximo do Advisor”, analisa Sant’Anna .

Eficiência na gestão

Para Tânia, a tecnologia contribui para que o contador ganhe tempo para se dedicar à gestão do escritório contábil. “O atendimento do contador se torna consultivo e segmentado. Neste cenário, o profissional de contabilidade passa a entregar consultoria de valor por meio de informações valiosas que mantêm a empresa do cliente em uma crescente constante”, pondera a especialista.

Outros benefícios que a inteligência artificial proporciona, indicam os especialistas, são apresentar ferramentas que otimizam o dia a dia e proporcionar tempo para se dedicar ao que não pode ser automatizado, como: liderança estratégica, gestão e geração de valor aos clientes. “Cada vez mais será inevitável, a utilização de sistemas, como Business Intelligence, para a captura das informações destinadas à tomada de decisões por parte das organizações. Como a contabilidade tem papel primordial na transformação de dados em informação clara e objetiva e na sua análise e transmissão, o aporte mais presente da inteligência artificial nos escritórios é questão de tempo”, indica o presidente do Ibracon.

“Ter o domínio destas ferramentas colocam o profissional contábil em destaque no mercado e permite que o mesmo se aprimore nas funções de análise e auditoria de arquivos eletrônicos. Este é um serviço de extrema necessidade no mundo atual, pois é preciso conferir minuciosamente os dados de acordo com as regras legais e cruzar todas as informações possíveis antes que a fiscalização detecte algum erro ou inconsistência. Somente assim as empresas podem planejar crescimento sólido e seguro, evitando a desagradável surpresa de uma autuação fiscal inesperada. A chave do sucesso profissional é investir em conhecimento e em ferramentas tecnológicas que elevem o contador a outro patamar, onde tenha seu trabalho valorizado e onde possa se dedicar a atividades estratégicas, como conquistar/fidelizar clientes e pensar constantemente em alternativas para sair à frente da concorrência”, conclui Tânia.

 

Fonte: http://fenacon.org.br/noticias/inovacao-modifica-rotina-do-fisco-e-de-contadores-3240/

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Micro e pequenas ganham estímulo para investir em inovação

A proposta é que o Sebrae e a Embrapii dividam os riscos dos projetos inovadores apresentados pelas empresas

O Sebrae e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) assinaram um contrato para subsidiar projetos inovadores das micro e pequenas empresas.

Pelo acordo, do valor total de cada projeto apresentado pelas empresas, um terço será bancado pela Embrapii nacional, até um terço pela unidade Embrapii onde o estudo será desenvolvido e o restante ficará sob encargo da empresa, com subsídio do Sebrae.

“A ideia é fazer com que, ao compartilharem riscos de projetos, essas empresas sejam estimuladas a inovar”, diz o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.

O Sebrae estima que cerca de 200 dessas micro e pequenas empresas sejam credenciadas.

No convênio foram definidas duas linhas de financiamento: a primeira, voltada para desenvolvimento tecnológico, destina-se apenas às micro e pequenas empresas.

A segunda é de encadeamento tecnológico e pode contar com empresas de todos os portes – sendo que os recursos investidos pelo Sebrae serão destinados apenas à primeira linha.

A parceria permitirá que a sinergia entre as micro e pequenas empresas com instituições de pesquisa tecnológica e empresas industriais possa ser feita nas 23 unidades credenciadas Embrapii.

 

Fonte: Diário do Comércio

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Gerar impacto positivo na vida do consumidor também é inovação

Já pensou em inovar?

Alinhar lucro e propósito e vinculá-los a mudanças da sociedade pode ser uma ótima oportunidade para promover sua marca. Conheça quatro tendências inspiradoras

Muitas empresas buscam desenfreadamente a inovação. Neste percurso, se espelham em modelos que deram certo no passado e em casos globais de sucesso. Como se inovar dissesse respeito apenas a produtos e serviços.
No entanto, muita gente não compreende totalmente que a inovação consiste no resultado final de um processo.

Um processo que pode envolver diferentes aspectos, inclusive questões intangíveis como encontrar equilíbrio entre lucro e propósito nos negócios.

E como em qualquer busca de inovação, para acontecer, precisa de uma boa dose de mudanças internas, criatividade e desapego.

Tal explicação foi dada por Victor Cremasco, sócio da consultoria de inovação Mandalah, durante uma recente palestra na Feira Nacional do Empreendedor, promovida pelo Sebrae na capital paulista.

Fundada em 2006, em São Paulo, a Mandalah atua em projetos de negócios, gestão de marca e cultura para empresas de diferentes segmentos, entre elas General Motors, Itaú e Bayer.

A consultoria ajuda as empresas a alinhar a atuação corporativa ao interesse das pessoas, justamente encontrar equilíbrio entre lucro e propósito.

O modelo também serve como uma poderosa ferramenta de gestão de marca – e, consequentemente, proporciona crescimento.

Um estudo da revista americana Fortune mostrou que empresas com boas práticas centradas em pessoas têm crescimento exponencial.

Uma análise da variação do valor das ações das empresas listadas no índice S&P 500, entre 1997 e 2013, apontou que o crescimento das melhores empresas para se trabalhar foi de 433%.

A taxa média das demais corporações foi de 141%, cerca de três vezes menos.

Mas como uma empresa pode aumentar os lucros seguindo a lógica de também gerar impacto positivo na sociedade?

Uma das táticas, segundo Cremasco, consiste em prestar atenção nas mudanças que acontecem no mundo e que podem interferir no negócio – e usar essas transformações a favor da marca.

Conheça algumas dessas mudanças em andamento e como estão sendo aproveitadas de forma inovadora por algumas empresas.

 

1 MARCAS PROTAGONISTAS NA SOCIEDADE

Foi-se o tempo em que o conceito de responsabilidade social corporativa se limitava a práticas restritas e isoladas, como doações mensais a ONGs. Hoje, a empresa precisa ter um papel ativo e ser uma articuladora de impactos.

Em 2016, a marca Neve de papel higiênico, da empresa americana Kimberly-Clark, se uniu ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no programa Banheiros Mudam Vidas.

A iniciativa tem o objetivo de melhorar as condições de saneamento básico em áreas carentes da Amazônia.

Numa das dinâmicas, a empresa convidou jovens universitários a desenvolver, em parceria com moradores locais, modelos de banheiro de fácil construção para instalação em cerca de 300 municípios.

Na fase de prototipagem e construção das primeiras unidades, diretores da empresa trabalharam no canteiro de obras.

 

2 FACILITAR A VIDA DO CONSUMIDOR

A tendência tem a ver com eliminar obstáculos na jornada das pessoas. Traduzindo para os negócios, significa otimizar o tempo e oferecer uma experiência mais cômoda ao consumidor.

Um exemplo são os aplicativos baseados em geolocalização que ajudam os consumidores a se movimentar em locais fechados de grandes dimensões, como shoppings, aeroportos e pavilhões de exposição.

Num shopping, o cliente consegue acessar o mapa do local e encontrar a melhor rota para chegar a lojas e restaurantes de sua preferência. Basicamente, um Waze para o consumo.

 

3 PARCERIAS INUSITADAS E ÚTEIS

Parcerias e cobranding não são novidades. Mas o que tem crescido são ações estratégicas de empresas de diferentes segmentos que se unem para impactar o consumidor no mundo físico.

Uma iniciativa que gerou um tremendo burburinho reuniu a Ikea, a maior rede de varejo de móveis do mundo, e AirBnb, pioneira na plataforma on-line de aluguel de quartos.

A parceria consistiu na produção de três ambientes de diferentes estilos, decorados por móveis da Ikea e instalados numa loja australiana da marca, e oferecidos para aluguel pelo Airbnb. O pernoite saía por 11 dólares.

No Brasil, uma recente parceria no mesmo molde aconteceu entre a 99Taxi e Johnny Walker. A marca de uísque pagava até R$ 30 em corridas de usuários aos finais de semana.

Em vez de criar uma campanha de comunicação, a empresa usou a verba equivalente para comprar quilometragem na 99Taxis e doar para a população.

Na época da campanha, um porta-voz da Johnnie Walker vinculou a ação à responsabilidade da empresa de ajudar o consumidor a mudar o hábito de beber e dirigir.

 

4 CONSUMO SOB CONTROLE

Tendência crescente nos últimos anos, o conceito de lowsumerism (baixo consumo) se opõe ao consumismo exacerbado, em grande parte incentivado pela publicidade das marcas nas últimas décadas.

Na moda, o conceito tem a ver com o movimento slow fashion, que prega, além do baixo consumo, o design atemporal, o uso sustentável dos materiais e a contratação de fornecedores e mão de obra local.

A Patagonia, marca americana de artigos de esportes de aventura, incentiva seus próprios consumidores a comprar menos.

Em plena Black Friday, a empresa publicou um anúncio no jornal The New York Times com o título “Não compre essa jaqueta”, acima da imagem do produto.

Abaixo, outra mensagem: “não compre o que não precisa. Pense duas vezes antes de comprar qualquer coisa”.

Dentro dessa filosofia, a empresa também mantém um departamento exclusivo para reparar roupas de clientes.

Mesmo que o defeito tenha sido causado pelo próprio consumidor, independente do prazo de garantia, o reparo é feito gratuitamente. Por ano, são mais de 30 mil consertos.

A marca ainda possui um trailer que viaja pelos Estados Unidos oferecendo o conserto de casacos pesados, mochilas e botas, entre outros itens.

Será que o serviço extra onera o caixa da Patagônia? É bem provável que não.

Com o posicionamento de empresa sustentável, o lucro da marca triplicou entre 2008 e 2015, de acordo com o Wall Street Journal.

 

Fonte: Diário do Comércio

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